Roque Santeiro

Dizem que Roque Santeiro é um homem que morreu por defender o seu sonho, mas que por não aguentar ver seu povo em pranto “ele é vivente, abençoa o povo crente e até quem não lhe socorreu”. Será mesmo? Pois aqueles que nunca puderam assistir à trama assinada por Dias Gomes e Aguinaldo Silva poderão saber a verdade por trás do mito a partir desta segunda-feira (18) às 00h15 no canal Viva.
Baseado na peça “O Berço do Herói” de Gomes, o folhetim faz uma sátira à criação de lendas. A trama retrata um lugar qualquer do Brasil habitado por um povo que vivia da fé de um santo. Asa Branca se tornou famosa no país inteiro e fez de “Roque Santeiro” a novela de maior audiência da teledramaturgia nacional. Não existe um número exato, porque na época a medição do Ibope era feita de uma forma diferente, mas especula-se que a produção tenha tido média de 67 pontos.
A novela foi ao exibida pela primeira vez em 1985. A Globo reprisou a trama mais duas vezes. Uma em 1991 e outra durante os 50 anos da TV no Brasil. A produção, que chegou a ser proibida de ir ao ar pela censura 10 anos antes de sua exibição, gerou uma briga entre os escritores que passaram anos brigando pela autoria da obra. Deixando a polêmica de lado, o folhetim passa a ocupar a vaga de “Vale Tudo” no canal e o Famosidades montou uma galeria com 10 motivos para que o telespectador órfão de Odete Roitman tenha certeza que Viúva Porcina não o deixará na mão. Confira!
Regina Duarte imortalizou a personagem Viúva Porcina. Até a estreia da novela, a atriz só havia feito mocinhas convencionais e surpreendeu o público ao surgir com um visual extravagante no papel da nada casta amante de Sinhozinho Malta (Lima Duarte). Ambiciosa, Porcina ficou rica após dar um golpe nos fiés da cidade em plano armado com o amado. Sem nunca ter namorado Roque (José Wilker), ela se apaixona pelo herói quando ele reaparece na cidade
Como Sinhozinho Malta, Lima Duarte criou um dos bordões mais famosos da TV brasileira. O coronel, que andava sempre cheio de pulseiras e tinha um estoque de perucas em casa, era o “dono” de Asa Branca. Poderoso, ele virava um cachorrinho na mão de Porcina com direito a lambidas na mão da amada.”Tô certo ou tô errado?”
O texto de Dias Gomes e Aguinaldo Silva é inteligente, engraçado e nos envolve nos mistérios da trama de uma forma viciante. A história de Roque Santeiro (José Wilker), que fazia santos de barro, é incrível. Reza a lenda que o rapaz teria morrido para salvar Asa Branca do bandido da Navalhada (Oswaldo Loureiro). Desaparecido, ele é dado como morto e as pessoas passam a acreditar que seu espírito curou uma menina à beira da morte. Só que o rapaz fugiu da cidade com medo do bandido. Ao voltar para casa, as autoridades que ganham dinheiro explorando a história não sabem como fazer para explicar a mentira contada para o povo
Outra trama importante da trama gira em torno da misteriosa Matilde (Yoná Magalhães). A empresária movimenta Asa Branca ao escolher montar a boate Sexus na cidade. A moça chega à cidade com duas dançarina Rosaly (Ísis de Oliveira) e Ninon (Claudia Raia) que enlouquecem os homens da região despertando a ira das beatas
 Os mais interessados no fechamento da boate são Pombinha (Eloisa Mafalda) e Florindo Abelha (Ary Fontoura). A líder das beatas e o prefeito da cidade boicotam a inauguração do estabelecimento e passam toda a trama em uma briga com as dançarinas. Apesar de ser a maior autoridade da cidade, Abelha não manda em nada. Ele segue as ordens do poderoso Sinhozinho Malta que se torna freqüentador do local. O casal é pai de Mocinha (Claudia Lins), a verdadeira namorada de Roque que decide viver em celibato por conta da morte de seu grande amor
O estranho professor Astromar Junqueira (Rui Rezende) se apaixona por Mocinha e passa a cortejar a donzela. Nas noites de lua cheia, Junqueira se transforma em um lobisomem, que assusta os moradores de Asa Branca. A identidade do lendário bicho só é revelada no final da novela
Fábio Jr. é sempre um bom motivo para ligar a TV. Mas poder assistir ao pai do Fiuk no auge de sua forma, com 33 anos, é sorte em dobro! O cantor interpretava o mulherengo Roberto Mathias, que chega na cidade para fazer um filme sobre os milagres de Roque, e acaba levando para a cama quase todo o elenco feminino. Além de Fábio, estão no elenco Alexandre Frota – quando ainda era um jovem galã – e Maurício Mattar. Ambos com vinte e poucos anos
A trama também aborda um embate entre diversos setores da Igreja Católica, assunto em voga na época. Porém, a trama de padre Albano (Cláudio Cavalcanti) ganhou uma enorme repercussão. O sacerdote, que não usava batina, acabou se apaixonando pela filha de Sinhozinho Malta
Outra trama que gerou discussão foi a de Zé das Medalhas (Armando Bógus). Dono da fábrica de santinhos e lembranças de Roque, ele foi quem mais lucrou com o mito do herói. Machista, ele mantinha a mulher trancada no quarto para que ela não se contaminasse com as coisas mundanas. Submissa, Lulú (Cássia Kiss) amava o marido mesmo assim. Disposta a se livrar das proibições do marido, acaba na cama de Roberto Mathias
A trilha sonora da novela ajudou a propagar clássicos da música nacional como “Dona”, do grupo Roupa Nova, tema de Porcina. Até hoje quando os primeiros acordes da música são tocados há quem se lembre da personagem. 26 anos depois, a canção ainda é uma das mais pedidas nas apresentações da banda. “De volta para o aconchego”, de Elba Ramalho; “Chora Coração”, de Wando, “Mistérios da Meia Noite”, de Zé Ramalho e “Vitoriosa”, de Ivan Lins, são outros sucessos lançados na produção. Em “Roque Santeiro”, a Globo – pela primeira vez – abdicou da trilha internacional para lançar dois álbuns internacionais

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