RespirArte! José Luiz Benicio by Natália Persi

Como fã assumida das mais variadas expressões artísticas, de sua ligação com a linguagem publicitária e das belas pin-ups, considero um atraso ter conhecido o trabalho desse ilustrador brasileiro tão tarde! Por isso, fiz questão de apresentar a vocês hoje, o fantástico trabalho de Benicio.
Nascido na região sul, ainda jovem se mudou para o Rio de Janeiro onde teve seu talento reconhecido através de jobs para agências de publicidade. Começou na renomada McCann Erickson e depois continuou requisitado em várias outras.

Usando sempre de tinta guache, algumas vezes acrílica (acreditem se quiser ele não usou nenhum tipo de recurso digital, não existiam ainda tão acessíveis como hoje), Benicio emprestou sua arte para o Cinema, Quadrinhos, Livros, Moda, Arquitetura e Publicidade e tem como influência maior, o americano Norman Rockwell, famoso por seus desenhos e pinturas meticulosos, com exatidão de traços e cores, resultando em retratos perfeitos.

Sua preferência em exaltar as belas formas femininas são notáveis em todo seu trabalho. Em seu site, o próprio Benicio define o contexto da sua obra para cada manifestação artística. Na arquitetura, por exemplo, considera que o importante é a “qualidade na humanização associada ao perfeito estudo da perspectiva’.

Para o cinema, o artista que criou mais de 300 cartazes para filmes nacionais, entre eles o do filme ‘Dona Flor e seus dois maridos’ com Sonia Braga e todos os 30 cartazes dos filmes dos Trapalhões, também se destacou no período das pornochanchadas, onde ele mesmo define o valor de sua arte para o período: “Talvez por causa da repressão na época, a arte era uma “válvula” de escape para suprir as frustrações do povo, em relação à libido. Daí a nudez marcante nas imagens da época. O cinema refletia as ansiedades do povo.”

Na publicidade, suas pinceladas eram requisitadas para dar a dramaticidade que nossa tão afamada produção publicitária brasileira muitas vezes não encontra nos trabalhos digitais. Seus trabalhos são considerados pelos profissionais da área como antagônicos e podemos destacar as peças feitas para Banco do Brasil, White Martins, Copacabana Palace, Levi’s e, mais recentemente, para campanhas da Brastemp e Picadilly.

Nos quadrinhos, chegou a marca impressionante de 1.500 capas ilustradas para pocket books, que entre os anos 50 e 80, representaram a forma de leitura mais difundida do país.

Tendo início como encomenda, pelo amigo e colecionador Marcelo Del Cima, Benicio pôde imortalizar sua arte e estilo, com a série Divas, que reúne 40 ilustrações de famosas e anônimas que marcaram a vida do ilustrador. São meus desenhos favoritos. 

Em plena atividade, o ilustrador atende encomendas e continua criando capas e editoriais de revistas como Veja, Playboy, etc.

A perfeição de seus traços humanos e os detalhes nas ilustrações (observe rendas, jóias, estampas, cabelos) muitas vezes nos trai e deixa no ar a impressão de que estamos diante de fotografias e não desenhos. Entretanto, após conhecer melhor o trabalho desse artista e se maravilhar com seu talento, a temática das pin ups e até mesmo as cores, são inconfundíveis e não nos deixam esquecer de que se trata de uma obra de Benicio e apreciá-la com mais gosto.

A coluna de hoje foi uma homenagem para a artista mais pin-up da minha vida, minha irmã Mariana. Para quem se interessou, o site do ilustrador é bastante completo e informativo, fica a dica http://www.benicioilustrador.com.br/

Até a próxima queridos!
Nat Persi.

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