Mansão do banqueiro Edemar Cid Ferreira é a mais cara do Brasil

Ela fica na Zona Sul de São Paulo, no bairro nobre do Morumbi. Tem 4,1 mil metros quadrados. E o valor é de R$ 143 milhões.

 O Fantástico mostra com exclusividade um templo de luxo e de fraude. A mansão do banqueiro condenado Edemar Cid Ferreira em São Paulo. Não existe nada igual no Brasil.


A casa mais cara do Brasil. Uma das mais caras do mundo. Ela fica na Zona Sul de São Paulo, no bairro nobre do Morumbi. Tem 4,1 mil metros quadrados. E o valor é de R$ 143 milhões. Quem pagou todo esse dinheiro para construir, segundo a Justiça, foi o ex- banqueiro Edemar Cid Ferreira.

Até a semana passada Edemar morou no local, quando na quinta-feira (27) foi despejado com toda a família.

Na entrada da casa, uma enorme escultura do inglês Anthony Gromley, que pode valer entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão.

É a primeira vez que uma equipe de televisão entra nessa mansão e é realmente impressionante. São cinco pavimentos. A casa parece uma galeria de arte, um museu, de tão grande que é.

Para preservar as obras, um sistema moderno de climatização à base de água e diesel é mantido ligado o tempo todo.

Um dos espaços tem capacidade para receber 250 pessoas. No piso, madeira especial, importada da África. Persianas, cortinas e portas de correr só podem ser abertas e fechadas por um sistema eletrônico. Por onde anda, é assim: quadros, fotografias, esculturas, portais.

São ambientes enormes, labirintos, você sobe desce, não sabe onde sai. Três elevadores foram instalados. Dois chegam até a cobertura da casa, onde fica o heliponto.

O Banco Santos ficava em um prédio do outro lado do Jockey Club de São Paulo. Todo o dia o Edemar Cid Ferreira fazia o mesmo ritual, subia para o heliponto, pegava o helicóptero decolava, pousava no banco e no fim de tarde voltava para casa.

Edmar mudou para o local com a família, em junho de 2004. Em novembro do mesmo ano, o Banco Central decretou intervenção no Banco Santos.

Depois veio a falência, e então, o Banco Santos deixou um rombo de R$3 bilhões, sendo um bilhão de dinheiro publico. Foi quando a Polícia Federal e o Ministério Publico Federal começaram a investigar o que estava por trás da ‘quebradeira’ do Banco Santos, e aí começaram a descobrir uma série de falcatruas financeiras, de dinheiro que era desviado, saia do Brasil, ia para contas secretas e depois voltava, e boa parte desse dinheiro era investido em milhares de obras de arte.

“Todo o dinheiro desviado do banco foi usado para manter um estilo de vida que o ex-controlador do banco moldou para ele próprio”, conta o Procurador da Justiça Silvio Martins.

Uma das coleções é enorme e está sendo avaliada, catalogada e muitas vezes até autenticada pelo arquiteto Alberto Sauro.

“Nós faremos um inventário de todo o acervo, autenticando as obras de arte, escultura, verificando a autenticidade, a quantidade em relação aos catálogos judiciais”, explica Alberto Sauro.

O Edemar, empresário, homem de negócios foi um bancário, que virou banqueiro. O Edemar com 18 anos de idade passou em um concurso do Banco do Brasil, e depois foi trabalhar muito tempo em Santos. O banco que ele controlava, o Banco Santos, leva o nome da cidade onde ele nasceu, que é a cidade de Santos, no litoral de são Paulo e foi até as exposições que ele organizou, a quantidade de obras que ele saiu comprando, os artistas que ele trouxe de fora do Brasil para cá, tudo isso começou a levantar muita desconfiança, sobre esse patrimônio todo. Qual é a origem desse patrimônio todo, do Edemar Cid Ferreira. Foi pelo mundo das artes, que a questão financeira do Banco Santos, começou a ir por água abaixo.

A coleção de Edemar também está cheia de artistas internacionais – sobretudo os contemporâneos. Em um grupo, uma das obras mais importantes é o trabalho do americano Robert Rauschenberg, um dos nomes ligados à arte pop dos anos 60, com trabalhos vendidos na casa dos milhões de dólares em leilões.

Só o acervo tem 200 metros quadrados com a estimativa de 200 obras escondidas. Telas, fotografias de uma coleção total de 1,5 mil a 1,8 mil.

Mas a coleção completa é muito maior do que isso. A Justiça chegou a fazer um levantamento na época em que houve a quebra do banco, apreendeu no banco uma serie de CDs, e tinham catalogados nesses CDs, 12 mil itens.

A questão é saber onde é que esta tudo isso. Ate hoje é um enorme mistério. A Justiça está procurando, por exemplo, 40 obras de arte de Matisse, nomes fortes de arte. Escultores famosos. Só 40 desaparecidos avaliados nos US$ 50 milhões.

A mansão ocupa quase um quarteirão inteiro. Edemar Cid Ferreira foi comprando o terreno da vizinhança aos poucos. Só restou um domo que não quis vender.

Nos tempos de gloria, em que Edemar Cid Ferreira nadava em dinheiro, a mansão chegou a ter 45 funcionários registrados em carteira para dar conta do tamanho da casa.

Agora a situação é completamente diferente, um pedaço da mansão está totalmente abandonado, é possível ver mato crescendo, o piso bem destruído, sem manutenção nenhuma.

Edemar tem uma divida de IPTU de um R$1,5 milhão. O IPTU da mansão hoje é de R$400 mil por ano.

Marilyn Monroe tinha um lugar de honra no quarto de dormir de Edemar Cid Ferreira, onde ele também tinha uma coleção que é bem valiosa, e bem rara.

Olhando no geral, para o quarto, parece que ele vai voltar a qualquer momento pro quarto. É a sensação que dá, tanto que no criado mudo, está cheio de remédio, água, relógio, tem bala, tem as coisas pessoais, livro, até o alarme dele ainda está por aqui. Ele foi despejado por falta de pagamento de aluguel.

É uma historia esquisita porque a casa foi construída em nome de uma empresa que o Edemar criou, só que essa casa e essa empresa ficaram registradas em nome da mulher do Edemar, a Márcia. Na verdade, Edemar e a Márcia, pagavam aluguel pra empresa em nome da mulher dele, ou seja, pagaram aluguel pra eles mesmos.

Ele ficou quatro anos sem pagar aluguel pra essa empresa. R$20 mil por mês. Essa dívida já está, hoje, em mais de R$3 milhões. Então não paga o aluguel, Lei do Inquilinato, vai embora. E aí ele foi embora com a roupa do corpo, tanto que a gente olhando no closet, dá para perceber que todos os ternos dele, as roupas da mulher estão todas no local, ele não levou nada, foi embora com a roupa do corpo.

E, pelo visto, a Marilyn vai dormir um bom tempo sozinha nesse quarto. É o que a Justiça quer.

Em um armário é possível ver cópias de processos que envolvem o ex-controlador do Banco Santos, está tudo separado catalogado, tudo devidamente organizado para que os advogados saibam exatamente onde está o quê.

A mansão tem três cozinhas. Uma delas é industrial. Nas festas, o banqueiro levava os amigos para fazer passeios pela mansão. São duas piscinas, uma delas com piso de mármore aquecido.

Uma escultura do renomado artista americano Frank Stella, estimada em R$ 700 mil enfeita o canto. Na parte externa da casa são 60 câmeras monitorando tudo.

Falando em valores, o que foi gasto pra construir a casa, R$ 143 milhões, daria pra comprar nada menos que 350 apartamentos de três quartos num bairro legal de São Paulo.

O projeto da casa do decorador americano levou R$ 9 milhões, e a casa é como se fosse um cofre, uma caixa forte porque todos os vidros são blindados. É claro tinha que ter uma paranóia com segurança, com tantos tesouros, com tantas obras de arte dentro.

O Fantástico convidou uma especialista para dar uma idéia desse patrimônio todo. É a leiloeira oficial Silvia de Souza.

“A gente não acha uma peça dessas toda hora. Aliás, muitas obras que encontramos aqui são muito difíceis de achar em leilão. Mas uma obra de Brecheret em especial, é uma peca única. Uma tiragem única. Hoje uma peca avaliada em R$ 3 milhões. Ele tem um Portinari fantástico da época socialista. Tem um Di Cavalcanti cubista, tem muita coisa”, explica Silvia de Souza – leiloeira oficial.

Mesmo quando você não vê quadros ou fotos, os detalhes são suntuosos, por exemplo, na sala de jantar, tem uma luminária do designer Ingo Maurer, um designer. Custa R$ 700 mil. E a mesa, a bagatela de R$500 mil reais. Ou seja a modesta sala de jantar, sai por um R$1,2 milhão.

A gente vê isso tudo aqui, tudo é suntuoso, grandioso, para onde vai tudo isso? Essa é a grande dúvida, o juiz quer levar a casa a leilão, e o lance mínimo seria R$ 80 milhões. A ideia é pegar todo esse dinheiro e pagar as pessoas que sofreram um calote do Banco Santos, pagar os credores do banco.

O juiz tem um sonho que é fazer com que algum interessado, um banco renomado, um empresário, compre a casa no leilão, mas não fique com a casa, transforme a casa em museu, e abra a casa para o público.

Alguém pode dar um palpite? Alguém se habilita? 

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