Ricardo Medauar Ommati[1]
Depois de conhecer a modernidade japonesa ou de mergulhar no ecletismo de Nova York, eis que o mundo abre as portas para o destino, quem sabe, mais rebuscado da Terra: a Rússia.
Aquela que pretendeu ser a maior potência da humanidade, digladiando-se com os Estados Unidos em constantes guerras, a Rússia nos mostra que a grandiosidade não lhe veio a toa, senão fruto de muito trabalho e incessante determinação.
O Teatro Bolshoi que o diga. Cada bailarino da maior companhia de teatro do mundo – Bolshoi – treina em média 8 horas por dia, começando desde criança. O resultado é o perfeito equilíbrio da técnica com a sensibilidade. Movimentos de enternecer. Ritmo traduzido em corpos elásticos. O Teatro Bolshoi recebe turistas, no coração de Moscow, exibindo clássicos como Lago dos Cisnes ou Dom Quixote, com bilhetes variando de 80 a 400 dólares.
Moscow é considerada uma das cidades mais caras do mundo, desde o valor dos imóveis à alimentação cotidiana. Nos supermercados, encontramos os mais diversos tipos de caviar e foie gras; caranguejos gigantes; condimentos rebuscados e iguarias dignas de chefs franceses.
Talvez por conta de Catarina, a mais emblemática Czarina russa, o país tenha assimilado grande influência francesa, da arquitetura à culinária. Porém, conseguiu ser ainda mais primorosa que a Europa, já que suas construções remetem a um colorido mais marcante (influenciado pela cultura do Oriente). Na Praça Vermelha, por exemplo – maior cartão postal de Moscow – com sua Catedral Saint Basil e o Kremlin (antiga fortaleza medieval e atual residência do Presidente Putin), o show da beleza se vivifica em cenário absolutamente diferenciado – estilo mais pomposo que o “rococó” francês ou o veneziano da Itália. O passeio por Moscow se complementa com visita à Galeria Gum (dica para os capitalistas), onde as melhores marcas do mundo se concentram, refesteladas por cafés e mercados gastronômicos (vale provar a Vodka Beluga, para degustar os pratos). Embora a Rússia não seja o melhor país para se fazer compras (os insumos importados são taxados com impostos altos), vale a pena se divertir apreciando a ostentação. Para quem gosta de jóias, o ouro predominante é o rosê; embora diamante não seja a melhor pedida, safira e rubi ganham destaque.
As noites de verão, especialmente em Saint Petersburg, são claras: devido ao fenômeno natural conhecido como “white night” (“noite branca” ou “sol da meia noite”), as madrugadas permanecem iluminadas devido à posição próxima ao pólo norte.
A idéia que se tem da Rússia é que o país pretendia ser o melhor do Universo. Ostentação perdida no tempo: avenidas largas, apesar de antigas; estações de metrô decoradas com porcelana; estátuas de bronze marcando os monumentos; chãos de mármore; fachadas exuberantes. Tudo na Rússia é encanto. Talvez um pouco decadente – que se compensa, no entanto, com a população, cuja beleza nos faz acreditar que realmente existe Deus capaz de criar as maiores maravilhas da Terra…
Saint Petersburg (antiga capital da Rússia – hoje, a segunda maior cidade do país) recebe turistas com canais de água e ruas monumentais. O L´Ermitage, Nevsky Prospect e a Catedral do Sangue Derramado são exemplos dos muitas obras a céu aberto que compõem Patrimônio Histórico da Humanidade, segundo a Unesco.
Os cerca de 10 milhões de habitantes da Rússia nos ensinam que a beleza pode não ser a característica mais importante da vida mas, certamente, abre muitos caminhos para que a existência se faça de um colorido bem mais latente para os olhos… Spassiba!
[1] Analista Judiciário do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo; Graduando do Curso de Jornalismo da Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo; pianista. @richmedauarommati