O resultado permite que o campeão olímpico brasileiro possa disputar o Mundial que está acontecendo neste mês em Xangai, na China. O maior receio dele, no entanto, era de que a punição dada pela CAS ultrapassasse os seis meses, já que, dessa forma, ele ficaria automaticamente fora da Olimpíada de Londres, no ano que vem. Tendo recebido somente a advertência, Cielo fica livre para participar das competições ao longo deste ano e poderá competir normalmente nos Jogos de 2012.
O julgamento da CAS aconteceu excepcionalmente em Xangai por conta do pedido de urgência da Fina, na expectativa de que a decisão pudesse sair em tempo ábil para Cielo participar do Mundial. Os três juízes responsáveis pelo caso (o australiano Allan Suliva, o americano Jeffrey Benz, e o suíço Olivier Carrard) convocaram a audiência para o dia 20 de julho (última quarta-feira) em uma Universidade na cidade chinesa, bem afastada de onde estavam acontecendo as provas do Mundial.
Estiveram na audiência os quatro nadadores, o advogado deles Howards Jacobs, cinco testemunhas – três membros da CBDA (Sandra Soldan, médica da Confederação, Ricardo de Moura, superintendente técnico e Coracy Nunes, presidente), além do médico de Cielo, Gustavo Magliocca e do técnico deles, Alberto Silva.
Ouvindo todas as partes envolvidas no caso, a CAS optou por aceitar o argumento da defesa de Cielo alegando que o uso da substância furosemida só aconteceu por causa da contaminação das pílulas de cafeína que os atletas ingeriam frequentemente. Assim, o painel da Corte decidiu apenas pela advertência aos nadadores, não acatando a sugestão da Federação Internacional de Natação (Fina), que pedia três meses de suspensão a Cesar Cielo, Henrique Barbosa e Nicholas dos Santos.
A situação de Vinícius Waked, no entanto, era mais complicada. O nadador foi pêgo no exame antidoping em 2010, pelo uso de isomesometepteno e, à época, foi suspenso das competições de natação por dois meses. Com a reincidência neste ano, a CAS decidiu seguir a sugestão da Fina e punir Waked com um ano de suspensão, contato a partir de maio.
Entenda o caso
Campeão Olímpico e recordista mundial na natação, Cesar Cielo ganhou as capas dos jornais nos primeiros dias de julho quando veio a público seu exame antidoping que teve resultado positivo no troféu Maria Lenk, disputado em maio, no Rio de Janeiro. Foi encontrada no nadador a substância proibida Furosemida, um antidiurético, e Cielo alegou que o problema aconteceu por conta de um erro da farmácia que manipulava as pílulas de cafeína que ele e os outros envolvidos no caso ingeriam frequentemente. Cielo disse ainda que aquele foi um “fato isolado” ao longo de sua carreira de “atleta exemplar”.
A própria CBDA disse ter recebido um relatório da farmácia de Santa Bárbara D’Oeste, responsável pela manipulação das pílulas, assumindo a contaminação das cápsulas com a substância Furosemida por ‘falta de limpeza’. O estabelecimento negou que tenha enviado o documento, mas admitiu a possibilidade de uma contaminação pelo ar.
Diante de tudo isso e levando em consideração as provas apresentadas pela defesa dos nadadores, a CBDA decidiu apenas pela advertência a Cielo e os outros três, sem proibi-los de participarem de nenhuma competição durante o ano. A Fina, no entanto, não acatou essa decisão e levou o caso para ser julgado por um painel da CAS, que recebeu a acusação em 8 de julho e foi até Xangai, na China, para realizar a audiência, que aconteceu no dia 20 de julho.
Desde que o caso se tornou público, Cesar Cielo preferiu se preservar e não conceder entrevistas. Após a coletiva do dia primeiro de julho, quando leu um comunicado esclarecendo o caso e justificando sua inocência, o nadador não apareceu mais e evitou até mesmo treinar no Centro Olímpico do Ibirapuera. Apesar disso, Cielo não deixou de lado a preparação para o Mundial de Xangai e continuou seus treinamentos em uma academia na zona sul de São Paulo, como noticiou com exclusividade o ESPN.com.br. Ao viajar para a China, há uma semana, o campeão olímpico optou por um voo separado da delegação brasileira, tudo para evitar que os holofotes se voltassem para ele novamente.
O resultado do julgamento da CAS foi divulgado nesta quinta-feira e, tanto Cielo, quanto Henrique Barbosa e Nicholas dos Santos se livraram de uma punição maior e ficaram apenas com uma advertência. Vinícius Waked, que já havia sido punido em um caso de doping no ano passado, desta vez recebeu um ano de suspensão.
A boa notícia para Cesar Cielo é que agora, livre da punição, ele poderá disputar o Mundial de Xangai. As competições de natação começam neste domingo.