Nada melhor pra introduzir a coluna de hoje que a letra “Senhas”, de Adriana Calcanhoto. Para isso, resumo toda minha vontade em lhes mostrar a arte atual, realista e chocante, citando apenas que ‘Eu não gosto do bom gosto. Eu não gosto de bom senso’.
Na verdade, eu admiro sensações! E a artista que apresento hoje desperta um mix delas. Ao apreciar a arte hiper-realista de Monica Cook, sentimos repulsa, desejo, nojo, prazer, dor e por aí vai.
Quando vi pela primeira vez seus trabalhos, os maravilhosos e meticulosos quadros pintados envolvendo pessoas e comida, metaforizando natureza viva e morta, fiquei impressionada!
Posso chocar com a dissertação de hoje, mas as imagens de Monica me transmitiram a mais promíscua das percepções. A arte embasada numa técnica perfeita com tons leves semelhantes à realidade dos elementos retratados e as texturas evidentes, tem forte apelo erótico e nos passa a impressão de que nada mais é que uma orgia entre comida e seus restos e nós, humanos.
Uma característica interessante nas obras, é que todas as mulheres parecem ter o mesmo rosto, independente de serem novas ou mais velhas, gordas ou magras, elas sempre tem os mesmos olhos e expressão. Esse rosto é o da própria Monica. Cook conta: “há 10 anos comecei a pintar autorretratos de conveniência, usando-me como modelo.” Mas ela prefere ver as pinturas, mesmo que autobiográficas, como ilustrações de pessoas qualquer, não um retrato dela. Ela diz que se pinta para evoluir por conta própria e não “ficar presa por expectativas ou semelhança”.
Essa ‘mania’ de autorretratos lembra outra grande artista, muito querida por mim e que também chocou com sua obra na época, Frida Kahlo.
Sobre Monica Cook, sabe-se que nasceu na Geórgia e graduou-se pela Faculdade Savannah de Arte e Design, em 1996. Hoje vive e trabalha em Nova York, onde concluiu recentemente uma residência na Escola de Artes Visuais. Expôs em museus e galerias por todo os Estados Unidos e Canadá, assim como na Holanda, Israel, França e Suíça.
Além das pinturas, Monica também trabalha com fotografia e animação, o vídeo Deuce http://www.youtube.com/watch?v=K-6pcZoSL0s foi inclusive selecionado para o YouTube Play Biennial. No vídeo, assim como em toda sua obra, Monica choca pela linguagem diferenciada que usa para mostrar as diferenças de fantasias entre homem e mulher.
Vamos continuar acompanhando seus novos trabalhos e também, outros artistas que usam da hiper-realidade, sua forma de expressão.
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Beijos e até próxima! .
Nat Persi .